Já disse tantas vezes que irei te esquecer. Mas não consigo, ou não quero, tanto faz... você está presente nas foscas gravuras desta minha solidão.
E eu aqui divagando as fotos, as cartas, bilhetes, recadinhos rabiscados... com teu nome. Ah, teu nome... tua voz me embala a cada noite de frio em meu quarto.
Eu guardo tuas fotos (sabia que não as tirei de minha estante?!)... porque não fostes rascunho em minha vida... E eu desenho dores como quem ainda sonha rasgar tua mágoa.
Fostes meu amor tão mais amado, meu desenho de curvas lindas, de linhas fortes... e hoje me divido nos traços tênues entre sorrisos momentâneos e pranto adormecido.
Não é qualquer dor, é a minha dor, dor doída, que eu sinto sozinho, que eu pinto em furta-cor, que eu margeio às bordas... de pincéis tão desbotados!
Sei que irás ler estas palavras, e quero pedir-te um favor... desenha um coração, rabisca-o e depois mancha o papel e mostra-me. Quero ver de ti que o amor se foi, e com ele meu universo colorido...
Enquanto vou tentando reinventar a curva de meus lábios, enquanto saliento as maçãs de meu rosto em rubras cores... vou descrevendo minhas letras, escrevendo minha imagem.
E sabias tu, (tão óbvio que não sabes, nem sequer pensas em mim...), que derramo lágrimas nessa momento? Cada gota que rola à face, desbota os versos do papel...
... Um poema perdido, e um desenho inacabado. Eu pinto minhas dores como quem quer suscitar este papel de esboço. E desenho-me, ao acaso do que sou... eu pinto rios, lagos e mares... o meu desenho que se faz em auto-retrato, um oceano... (de lágrimas em mim!).
(RONALDO ARAGÃO) 29/10/2010
Você escreve como quem afoga a alma na mais terrível solidão. Engraçado como o sofrimento inspira os poetas...
ResponderExcluirGostei do blog. Tô seguindo!
Kisses
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirgostei muito !!!pareci mesmo com vc .
ResponderExcluir