quinta-feira, 28 de junho de 2012

Idas e Vindas...



    Pessoas passaram em minha vida, e foram poucas as que conseguiram ficar... Mesmo aquelas que se foram, e mesmo assim estão tão impregnadas em mim como cheiro de manhã orvalhada, mesmo essas pessoas, por mais que nunca regressem estarão em mim, vivas, lúcidas... presentes (daquela ausência que sabemos que mesmo distante ainda nos toca).
     
    Outras pessoas que passaram em minha vida ainda estão vivas... Mas eu faço questão de a cada dia esquecer-me mais e mais... Estas pessoas estão vivas, porém mortas dentro de mim, como noite de chuva fria e solitária. Mesmo que exista, não quero tê-las comigo. Estão mortas, sepultadas... passadas (daquela presença que sabemos que mesmo perto não nos permitimos tocar).
     
    Muitas pessoas em idas e vindas fizeram parte de mim... de minhas felicidades ou de minhas angústias. Hoje, vejo que pouco importa o que eu fiz ou deixei de fazer, se para quem passou ou para quem ficou nada mais faz sentido... é porque nada valeu a pena! Muitas pessoas, muitas mesmo... pouco de mim restou. Poucas pessoas, poucas mesmo... muito de mim nada possuem.

RONALDO ARAGÃO - 02/05/2011

Príncipe D'um Sonho


   

   Nunca fui príncipe, meu lado plebeu me fez ser apenas mais um entre tantos... Não há em mim a magia de ser encantado, nem decifrar sonhos e desejos para vislumbrar a felicidade de alguém.
     
   Não sou atemporal, não sou literatura de páginas em contos infantis da princesa que espera o reino mágico...
     
   Sou simples, cheio de defeitos e falhas, às vezes encanto e desencanto, e o melhor de tudo isso é que meu reino não gira em torno de sonhos, porque a felicidade não é ENCANTADA, ela é tão fatídica quanto o meu sorriso!

RONALDO ARAGÃO - 03/07/2011

domingo, 17 de junho de 2012

Simples Como Não Sonhar...


  
  Entro pela madrugada passeando em pensamentos, brincando com as verdades, e elucidando as mentiras que um dia foram encobertas por meu próprio desleixo. Esse é meu momento, apenas meu, indivisível, absoluto, singular... de leves sonhos, que acordam meu imaginário e repousam na paz do silêncio, que me segue numa noite fria e resvalam no cansaço de meu corpo.
     
   Penetro no meu ontem e tenho em mim a felicidade singela, simples, pura... onde cabem meu universo de desejos. Introspectivamente, lanço voo no horizonte de meus sonhos, eu que não sei voar dedico a mim a magia de brincar de ser feliz... de asas surreais de meu eu liberto, livre. Pássaros, anjos, Ícaros... não vislubram tão alto quanto eu neste momento! Nesse meu mundo noite adentro, não cabe mais nada, nem ninguém que não seja eu.
     
  Não há mais aquela dor desmedida, nem a incerteza plena de meus erros. Posso sonhar ou não, tenho a capacidade de me libertar de tudo que me estagnou um dia, e me completo por mim mesmo, não sou metade, nem busco parte alguma. E é por isso que me realizo no mais puro e simples fechar de olhos e dormir, pois sonhando ou não... minha felicidade hoje é quase que palpável!

Ronaldo Aragão - 03/07/2011

Voluptuosamente... Você!


    

   Sabe... quero tanto ser amado. Mas não apenas de carinhos, de afagos, não... hoje não! Quero despir-me, deitar-me ao teu lado, quero passar toda uma noite no lapso inquietante de cada acariciar. Eu quero deixar-me envolver pelos teus braços e ser menino inocente tão cheio de malícias e desejos... como quem nunca viveu à flor da pele, quero juntos, ego, corpo e alma!

    Se num obstante, ao frenesi das carnes que se resvalam, minha estagnação for ainda mais acalentada, deixe-me sentir apenas tua presença se evaporando em gotas de suor, deixe-me ir além de teus olhos, porque quero enxergar toda volúpia que há no mais secreto de ti... Silencie a voz, eu quero a perplexidade desse silêncio como grito meu, como ânsia de possuir-te.

    Quero que me encontres... me deixe perdido em teu corpo, me corrompa a sanidade e destrua as matizes de meu mundo preto e branco. Apaga a luz, acende minha luz, esquenta-me... deixa queimar, e não me socorra! Vem sem pedir, sem permissão, eu sou como os que não se educam, nem moral, nem imoral: AMORAL! Inebriados pois... voluptuosa sensação de cálidos gostos que se formam.

    Pode escancarar meu pudor, não quero amor, hoje não... Eis que de amor já somos feitos. Quero apenas amar, quero penetrar teu ser mais que meramente pele... Na sincronia de dois corpos túmidos, cálidos num prazer inconsciente. Livra-me de mim mesmo, estou tão só... sucumbido em minha incapacidade de amar sozinho. Hoje eu quero mais. Hoje somos um... tem que ser a dois!

(RONALDO ARAGÃO) 28/10/2010