Anjo... Dá-me a proteção de ser guardado.
Anjo...
anjo meu (um dia fostes)... tu que não mais me observastes, tua presença hoje é
distante, e eu me sinto só. Quando durmo sinto medo, e pelas madrugadas que me
levanto no vazio do meu quarto, olho pra o vago do escuro, e de minha janela
gravo as estrelas do céu na imensidão perdida de meu olhar...
Porque a solidão rasga até mesmo
a beleza de contemplar o céu que pairas, e eu peço pra que a noite cubra meus
olhos e me deixe apenas acariciar a sombra pálida de meu corpo, quando ao
deitar-me, a fina silhueta margeie em cores pálidas o incolor de meu
pensamento...
Eu que esqueci a carícia d'um
abraço, e o calor de qualquer afago que seja, já me evita de aquecer até mesmo
as lembranças frígidas que hoje tenho. Mas entendo tua natureza de anjo,
resignado ao silêncio da sublimação... Não és humano!
Anjo... em divinal essência te
formastes, escuta ao menos as palavras que te rogo, que na minha vã existência
apenas busco um ser terreno que me sinta, que me encante, que me enamore... E
na angelitude de minha vida, seja meu céu, minhas estrelas e mais que angelical
seja em presença... a minha guarda.
(RONALDO ARAGÃO)