segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

O Magnífico Circo das Dores!

     Brincar e sorrir, pintar o rosto e repartir minha felicidade... até o momento em que as luzes se apagam e me restam apenas meu eu, desfigurado e pálido...
 
     Ah palhaço, quantas vidas tens de viver aos aplausos de imensas platéias, vai em teu espelho opaco e te despes da vaidade dos palcos e encontras teu traje de tristeza... Não chores meu caro, tua dor é como a minha... nossas dores se combinam! Nossos sonhos se consomem, nossas luzes de desvanecem...
     Mas brincas com tua dor, e tens coragem de zombar de teus segredos, tendo por vã tua fantasia aconchegante que em horas saudosas fazes emoldurar teu semblante amargo, em doce ternura passageira como horas que se medem por imensidões de minutos...
     A tinta borra cada lágrima que desce, o sorriso escancara a face que outrora chorou... Brincas palhaço, faz de conta que o conto do "Era um vez..." não foram as tantas vezes o canto de teu quarto solitário, que paginastes a história de tua vida, papel de esboço, página rasgada, líteras não lidas...
     Agora frente ao teu, e tão meu... tal rosto, me vejo e te vês em mim... Loucos, insanos palhaços, gargalhemos nós na imensidão deste espelho... Tão palhaços somo nós, eu e você... que diante de mim apenas sou, palhaço fingido, risonho e solitário... somos dois e apenas um, meu eu em tuas cores transfiguradas em meu singelo picadeiro... onde a platéia nos aguarda pra chorar, de tanto rir.
     ...Até o momento em que nós também iremos chorar pois eis que ao findar desta hora, apagaram-se as luzes!

(RONALDO ARAGÃO)

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