sábado, 27 de abril de 2013

A Essência de meu Ontem (MÃE - SAUDADE GRITANTE!)...

    

   Ontem senti tanto tua falta, percorri meu antigo bairro vagarosamente, como quem espera um trem perdido... E meu caminho desta vez se dividiu em duas trilhas. Ontem saí tentando enxergar você de volta na minha vida... porque tanta coisa mudou PRA MIM, e agora ainda mais... tanta coisa mudou também EM MIM...

   
   E como eu queria te ter ao meu lado nesse momento de minha vida. Porque só você me entendia, por mais arredio que eu fosse... Ontem me veio um grito preso, engasgado na minha garganta, impedindo-me até de respirar... Ontem eu senti mais do que nunca que estou sozinho (fisicamente), tua ausência a todo instante me maltrata, porém ontem foi tão amargo quanto as lágrimas que chorei no dia em que te fostes...

   
   Sabe, meus instantes são tão enormes, como se um lapso de segundos fossem a perdição de um infinito! Não tenho um abraço, sinto falta de você, e por mais que as pessoas que me rodeiam me vejam sorrir... eu carrego comido a solidão de um dia de Domingo. Olhei ontem aquela janela, os quartos... tudo tão fiel ao que foi no passado. As ruas, o mercado, as árvores, o banco da praça, a tua igreja (onde ontem entrei pra te ver em minha memória), sentei naquele banco e imaginei você sorrindo ao me ver. Eu te perdi! Não porque fui o culpado, mas porque te fostes assim, querendo ficar... Fostes sem vontade, eu sei... Ontem chorei... Só Deus sabe o quanto meu coração doeu. Estou sozinho, me vejo cercado, eu Homem-Ilha, sem ti, em solidão!

   
   Ontem... olhei meu mundo com olhos de criança, sentindo a carência do teu abraço e de teus afagos, ontem procurei meus brinquedos, meus doces, meus poucos anos de vida. Ontem eu quis sentir teu perfume adocicado em meu rosto... Ontem eu quis sentir teus toques, tua voz... teu sorriso, ontem eu quis sorrir contigo... E quem sorrir por último... Desta vez chorou!


Mãe, ontem, apenas ontem...

...Hoje eu vou sofrer!



(RONALDO ARAGÃO)

Quais as questões?! Não ser... ou ser... quem sabe!


       

      Tanto tempo sem escrever... não contenho meus instintos. Sou este mesmo, repleto de subjetivismos e não contenho em mim mesmo os sonhos que busco... Mesmo não imortalizando palavras, imortalizo-me a cada dia mais e mais, naquilo que sou, em mim... ou sem mim, isso pouco importa!
     
      Escrevendo, apagando...
     
     Traçando o traçado tranquilo de truques tão transitáveis na tela tímida que a tinta teima em transpor tais textos.
    
     Eu ressignifico-me, repagino-me, reencarno tantas vezes numa única vida... eu não morro, e não sou imortal... eu vivo e não sei viver, eu não quero saber de mim agora (que o agora sempre morre!), quero aprender de mim agora... não esse agora, mas este agora... nas variações de um agora sempre novo!
    
     E quem quiser saber quem sou... sou quem sabe, querer quem seja!

(Ronaldo Aragão) - 20/01/2011