sábado, 2 de fevereiro de 2013

Astronauta (Cosmos Surreal)



Sozinho subi à luz do firmamento
Ao contemplar paixões, em meu cansaço
Toquei lua e estrelas num tormento,
Vagando a constelar em meu espaço

Confesso que o céu chorou aflito,
Os anjos me cercavam soluçantes:
No cosmos a expansão de um vasto grito,
Na terra, almas que matam seus amantes

Eis que caem noites sem luares,
Pois vi morrer a lua, tão sombria
E a pupila cega em vãs olhares
Já na terra a densa noite, negra e fria

Procuro minha sombra, já perdido,
Num rubro espaço por fim abandonado
Não sinto ser, talvez já tenha sido
Um astronauta a vagar em meu passado

Tantas lágrimas, das quais me vejo flutuar
Por entre o cosmos não consigo entendê-las,
Talvez se escondam atrás de um luar
Ou talvez brilhem na imensidão, como estrelas.

(RONALDO ARAGÃO) - Em: 15/07/2003

Às Duas Margens...



Sentei às margens do Capibaribe... ao som do vento e da brisa, e amadurecido em pensamentos guardados, reinventei meus sonhos e decepcionei meus medos...
Às margens de minha vida, retratei cada gota que escorreu nos meus olhos... o pranto estagnado vai dando lugar ao sorriso tímido que se ergue.
Ali, sozinho... e agora aqui deste outro lado ainda sozinho... escrevo! Como há tanto não fazia mais... Agora sentado às margens do rio, vejo meu Recife reluzir tons claros, ofuscando este rabisco meu, que irá servir de esboço para meu verso passado a limpo...
E eu reviro letras, escondo erros, apago versos, reescrevo-me... resignifico-me, incontenho-me, encontro-me... E rasgo tudo mais uma vez no prazer do novo que se faz agora. Às mergens do meu rio... eu sentei, e não chorei!

(RONALDO ARAGÃO) - 09/11/2010

Andarilho


   
    Tentendo buscar uma explicação de minha vida, percebi que minha busca se faz ingenuamente singela em tudo que tento explicar. Os dias que chorei com ombros confortáveis, as vezes que meus caminhos foram conduzidos em procissão de pés doídos, das horas amargas onde bocas degustaram meus instantes intragáveis...
... Hoje ainda não descobri o motivo de cada infortúnio, e se os sei... irei calar ao balbuciar do primeiro choro, e conduzir o meu silêncio no sinismo de minha vergonha. Aqueles ombros se foram, presenteando-me apenas a vaga lembrança, os pés que seguiam meus passos, trilharam rumos perdidos e as bocas que brindaram minhas lágrimas, caíram na embriaguez do orgulho!
     Nunca tive o explendor do entendimento do que me foi vivido. Apenas aprendi que não posso presumir expectativas, e hoje nada mais me vislumbra o ego. E meu estado solitário vai seguindo auroras e adormecendo em crepúsculos... na certeza que tudo o que sinto nas terras desoladas da alma que me faz, são meros dias de um  andarilho viajante, que segue sem rumo na incerteza que lhe foi dada...

(RONALDO ARAGÃO) - 21/03/2011